Essa é a pergunta do artigo publicado no New York Times (The Times Magazine) intitulado “Can the cellphone help end global poverty?” (leia aqui – está em inglês e é enorme, mas é muito interessante e vale a pena – principalmente aos interessados no universo mobile. Ah, e para ter acesso ao texto basta fazer um cadastro em meio minuto).
O artigo é essencialmente sobre o trabalho de um cara que chama Jan Chipchase, que trabalha para a Nokia numa função interessantíssima. Ele viaja o mundo, visitando principalmente países em desenvolvimento, buscando entender a cultura local, tirando fotos e vendo como os celulares estão presentes nas vidas dessas pessoas. Ele é um pesquisador do comportamento humano e a sua missão é reportar à nokia os costumes vistos pelo mundo afora, para que as equipes de tecnologia e design possam desenvolver aparelhos “ideais”.
De acordo com Chipchase:
In an increasingly trasitory world, the cellphone is becoming the one fixed piece of our identity.
Num mundo cada vez mais transitório, o celular está se tornando o único pedaço fixo de nossa identidade.
Ainda de acordo com o pesquisador, ter um “número acessível” é como ter um ponto fixo de identidade que, em populações que estão constantemente “em movimento” (desapropriadas por guerras, enchentes, secas, problemas econômicos), pode ser de extrema valia para manter contato com familiares, pedir socorro ou mesmo para ajudar no trabalho.
Bem, nessa saga dele pelo globo, e também por N pesquisas, foi constatado que os celulares podem, de fato, diminuir de alguma forma a pobreza. Em pincípio achei meio estranho ouvir isso, ainda mais vindo de um funcionário da Nokia. A empresa, por sua vez, aparentemente quer enriquecer às custas – inclusive – dos pobres e miseráveis. No entanto, a comunicação em todas as suas formas é ESSENCIAL em qualquer cultura, sendo benéfica em mil aspectos.
Pela sua experiência, Jan Chipchase pode dar exemplo atrás de exemplo da capacidade do celular de aumentar a produtividade e bem-estar das pessoas e, conseqüentemente suas rendas, pelo simples fato delas poderem ser alcançadas.
Durante muitos anos a equipe de Jan conversou com prostitutas, vendedores, motoristas de “rickshaw” (aqueles carrinhos chineses), diaristas, fazendeiros etc e de um modo geral todos dizem sempre a mesma coisa: que depois que adquiriram celulares suas rendas aumentaram.
2005 London Business School study extrapolated the effect even further, concluding that for every additional 10 mobile phones per 100 people, a country’s G.D.P. rises 0.5 percent.
Um estudo de 2005 da London Business School extrapolou ainda mais as conseqüências, concluindo que para cada 10 novos celulares por 100 pessoas, o PIB do país aumenta 0,5%.
No artigo eles dão ainda diversos exemplos reais de como a telefonia móvel pode ajudar comunidades pobres, como por exemplo através do envio de SMS para que pacientes lembrem de tomar medicamentos ou a possibilidade de pessoas na África poderem enviar perguntas, de forma anônima, sobre questões-tabu, como AIDS e DSTs, recebendo respostas de especialistas.
Eles também falam de “capitalismo de inclusão”, que seria, por exemplo, o apoio ao desenvolvimento da telefonia celular em países pobres. Essa ação, de acordo com os entusiastas, pode ser mais interessante do que abastecer esses países com dinheiro de caridade internacional, que envolve burocracia e o movimento é de cima para baixo. Os celulares teriam um efeito contrário, de baixo para cima, além de movimentarem a economia e beneficiarem a população de imediato.
Some of the mobile phone’s biggest boosters are those who believe that pumping international aid money into poor countries is less effective than encouraging economic growth through commerce, also called “inclusive capitalism”.
Achei o artigo muito interessante e teria muito mais pra comentar, como o caso do monge que tinha um super-celular-high-tech no retiro espiritual. Mas isso fica pra outra hora.
No blog do Jan Chipchase, Future Perfect, vocês poderão conhecer um pouquinho mais sobre suas sagas, inclusive no Brasil exótico e pobre. Recomendo uma visita.
OBS: Descobri o link pro artigo do NYT no Nomadismo Celular, da Mari-Jô. Blog que conheci recentemente e, inclusive, recomendo!
OBS2: Acho que vou enviar meu CV pro Jan Chipchase e pra Nokia!
Read Full Post »