Resolvi escrever esse post com base nas discussões do grupo Marketing Jurídico Brasil a respeito da entrevista com Richard Susskind sobre o fim da advocacia. Gostaria de agradecer aos que participaram das discussões. O assunto despertou especial interesse por convergir tecnologia e marketing jurídico. Algumas idéias discutidas no grupo foram aproveitadas aqui.
Para resumir o contexto, na revista Época de 4 de fevereiro saiu a polêmica entrevista “Não precisamos mais de advogados”, com Richard Susskind – autor do livro “The future of Law” (o futuro do Direito) e que lançará em junho “The end of Lawyers”. De acordo com o autor, a profissão do advogado – na maneira como conhecemos hoje – não existirá em 100 anos. Ou os advogados se adaptam às realidades, ou serão engolidos e expulsos do sistema.
A matéria, cujo assunto já havia sido abordado no Consultor Jurídico em outubro do ano passado, despertou uma “fúria louca” na comunidade jurídica, que discordou total ou parcialmente, e em sua maioria, da conclusão a respeito do futuro da profissão do advogado. De acordo com eles, o advogado é “indispensável à Justiça, o Direito é técnico, social e complexo, porém com tendência das constituições de todos os países no mundo serem mais homogêneas, a sociedade sempre necessitará de serviços de consultoria jurídica, enquanto existirem conflitos haverá necessidade de papel do advogado, entre outros.”. (retirado do artigo “O fim da advocacia em 100 anos: utopia ou destino inevitável?” de André Sussumu Iizuka).
O que grande parte das pessoas não leva em conta, no entanto, é que essa previsão a respeito do “fim do advogado” deve ser vista como a profissão em seus MOLDES ATUAIS.
Como bem colocou SUSSKIND:
“A internet encoraja a comunicação e a colaboração. No futuro teremos comunidades de clientes dividindo os custos de serviços jurídicos similares. Também haverá na rede roteiros gratuitos sobre as leis. Esses roteiros devem ser construídos da mesma maneira como foi a wikipedia. Se refletirmos sobre o desenvolvimento da internet, veremos que os usuários já contribuem em blogs, wikis e redes de relacionamento. A maneira como as pessoas se comunicam já mudou e continua em modificação. Isso também afetará clientes e advogados. A conseqüência será a difusão dos conhecimentos jurídicos. Advogados que não quiserem dividir conhecimento serão postos de lado.” ( SUSSKIND, Richard. entrevista Época, n 507, 4 fevereiro, 2008
Teria muito o que falar sobre web 2.0, advocacia etc. No entanto, prefiro colocar um pouco de fogo nas discussões e gerar reflexão. Vejam o vídeo abaixo, que traz uma boa reflexão a respeito das transformações, velocidade das mudanças e futuro. As partes que me interessam nesse caso encontram-se aos 1:23min e 1:50min.
“The top 10 in-demand jobs in 2010 did not exist in 2004.”
“We are currently preparing students for jobs that don’t yet exist… Using technologies that haven’t yet been invented… in order to solve problems we don’t even know are problems yet.”
Então, depois disso tudo, você acha alguma coisa absurda a previsão sobre o futuro da advocacia para daqui a 100 anos? Como o Rudinei R. Modezejewski bem colocou nas discussões, deve acontecer bem antes!
Aguardo manifestações…
Caracas Suzana.
O que precisamente é web 2.0?
E nossa que vídeo assustador…
Mas sim… eu já concordo que as mudanças na advocacia virão, sem demora… e já não era sem tempo…
Abs
Rafael, a chamada web 2.0 consiste essencialmente na web que promove a maior participação do usuário na geração de conteúdo, como acontece no caso dos blogs, YouTube e Wikipedia. Os próprios leitores deixam de ser passivos e passam a opinar, postar respostas, filmes, editar textos etc. Trata-se da concepção de web que aproxima o usuário da situação de comunicação, promovendo uma “real” interação.
A história é longa e o conceito é meio polêmico, mas espero que tenha dado para você ter uma noção.
Abraço
Parabéns pelo post Susana.
Esta tema é muito interessante. Tenho utilizado vários recursos da web 2.0 em meu blog – DNT – O direito e as novas tecnologias http://www.dnt.adv.br . Será muito válido debater este tema .
Parabéns pelo blog
Alexandre Atheniense
Obrigado pela visita e comentários no meu blog. Também sou advogado. Milito e labuto no direito. O plano B é literatura e arte. Escrevo para aliviar a tensão e me preparando para o futuro.
att
Henrique
[…] 20, 2008 por suzanacohen Na semana passada publiquei o post “Direito e Web 2.0: qual será o futuro do advogado?” pegando carona nas discussões provocadas pela entrevista veiculada na revista Época como Richard […]
Su, já te disse a maior injustiça deste país é a nossa Justiça! E acredito que com a nova web nossa forma de entender justiça mudará e certamente a advocacia também …!
Ps: Gostei muito do “dê uma conferidinha” srrsrs. Obrigado, uia! 😉
[…] Bricolagem High Tech, trouxe há alguns dias um post sobre o futuro da advocacia. No post “Direito e web 2.0: qual será o futuro do advogado?“, Suzana teceu interessantes considerações sobre as transformações que o mundo jurídico […]
[…] in Direito, Forense, Geral, Juristas do Futuro. trackback Depois que Suzana Cohen publicou seu post sobre o futuro da advocacia e a interação do Direito com a web 2.0 (aou seja, grosso modo, a […]
[…] O meu comentário é: antes de criticar é sempre bom estar bem inserido no contexto. Portanto reforço o vídeo “Did you know?”, publicado anteriormente. […]
[…] Cohen, Bricolagem High Tech – Direito e web 2.0: qual será o futuro do advogado? – Direito e Web 2.0: qual será o futuro do advogado? – DESDOBRAMENTOS – J+: o jurista do […]
[…] Cohen, Bricolagem High Tech – Direito e web 2.0: qual será o futuro do advogado? – Direito e Web 2.0: qual será o futuro do advogado? – DESDOBRAMENTOS – J+: o jurista do […]
Discordo, pois cada dia que se passa advogar tá ficando para poucos, pois, para ter a carteira da OAB é algo que tá tornando muito difícil, e tende a piorar. Com isso acredito que o númerod e Advogado deva diminuir e aumentar o número de especialidade, o que já acontece hoje, pois temos Direito para tudo, e as áreas vão aumentando cada vez mais. Eu, fico na aposta que o Advogado deva sim mudar sua postura e até mesmo mudar algumas competencias,mas acabar, não acredito mesmo!
Cara Suzana,
Parabéns pelo blog! Não conhecia esse espaço aberto para discussão de idéias ligadas ao futuro da advocacia. Publiquei a matéria sobre o “O fim da advocacia em 100 anos: utopia ou destino inevitável?” e não imaginava que teriam outras pessoas da área jurídica que aderissem esta linha. Certamente, a tecnologia acabará por sucumbir cada vez mais aqueles trabalhos ou processos mecânicos e premeditados que existem na justiça, tais como ações de cobrança, busca e apreensão, conversões em divórcio, ações meramente declaratórias, entre outros que só fazem aumentar o monstro da burocracia nesse país e consumir pilhas de papeis em desfavor das árvores (meio ambiente). Imagino em poucos anos uma justiça mais digital com petições eletrônicas em que o próprio cidadão irá exercer o jus postulandi, com base em formulários em que se terá caixa de opções (drop-down), e somente serão tratadas as exceções com advogados (nesse aspecto altamente especializados). É certo que cada vez mais o cidadão está consciente de seus direitos e não mais como ignorar que muitas vezes o cliente conhece até mais de direito que aquele advogado recém formado e em início de carreira. Dessa forma, o profissional do futuro terá que ter muito mais do que a formação jurídica, terá sim que ter uma visão mais social e econômica, e até empresarial para atuar e sobreviver nesse novo mundo que estamos caminhando. Fico a disposição para contato e colaboração. Abraços e prazer em conhecê-la.
Olá André, obrigada pelo comentário e pelas observações. Estamos seguindo a mesma linha de raciocínio. Esse post levou à redação de um artigo meu e do Gustavo D’Andrea sobre o Jurista do Futuro (J+), que pode ser lido na página https://suzanacohen.wordpress.com/2-j-juristas-do-futuro/. Esse post ainda rendeu uma série de outros posts (todos estão linkados nesse mesmo artigo). Se tiver interesse, depois rastreie lá!
Atualmente estou dando aula de mkt jurídico no MBA em Gestão de Negócios jurídicos da Faculdade Milton Campos (BH) e 99% dos alunos são advogados. Considero que o simples interesse de advogados por temas ligados à gestão já reflete a necessidade de alguns pelo lado empresarial. Mudanças acontecem!
E depois gostaria de ter acesso ao seu artigo 😉
Abs e volte sempre!
Olá, Suzana, adorei seu blog.
Me formo esse ano em Sistemas de informação e tô numa luta pra encontrar algum assunto para o meu TCC. Esse sobre Direito e Web 2.0 me interessou bastante. Mas, gostaria de está podendo entrar em contato contigo pra trocarmos informações a respeito, pois sinto que esse assunto tem muito que se abordar, e não parece ter muito material sobre ele, principalmente na internet. Talvez você pudesse me ajudar bastante, pois me interesso fazer uma pesquisa mais profunda sobre o assunto. Quero fazer algo que une Gestão de TI a Direito, entende? Andei lendo mais artigos seus e estou adorando.
Agurado contato.
Abraços e prazer em conhecê-la.
Olá, Fernando, sobre o material de Gestão de TI e Direito, posso te ajudar. Favor enviar o seu e-mail para que eu possa ajudá-lo.
Muito simplista essa conclusão sobre o fim da advocacia em 100 anos. Certamente haverá mudanças em todos os setores. Entretanto, a conclusão de que a web contribuirá com padrões de experiências a serem compartilhadas e que colocarão o advogado de lado é no mínimo simplista e colocada por quem, certamente, desconhece o direito.
Direito é fato valor e norma. Os fatos são diversos e complexos o bastante ,para serem interpretados por qualquer um que não tenha a experiência de um profissional adequada. A legislação, como o remédio adequado, também, por mais que seja simplificada no futuro, também não será algo nunca de tão fácil aplicação. É da natureza dos fatos, que são diversos, exigirem normas também diversas.
É como dizer que o futuro do médico, do psicólogo etc também estarão em perigo pelo desemvolvimento da comunicação, especialmente pela web. Pelo que dizem, será como você, ao sentir uma dor, digitar os sintomas na web e já identificar o remédio adequado. É simplista demais. Veremos…