Mas o quê exatamente seria isso?
O tema do TrendWatching.com de junho foi justamente sobre Foreverism, que traduzido para o bom e velho português seria algo como “para-semprismo”.
Que a sociedade atual é imediatista, ninguém tem dúvidas. Queremos e vivemos o aqui e o agora. Tudo é pra ontem. Paciência 0 para esperas.
Resultados imediatos. Mensagens instantâneas. Conexões à internet cada vez mais rápidas. Celular. Email. Wi-fi. Internet em avião. The grid. Agora. Agora. Agora.
No entanto, seguindo a onda multi-task e, porque não, procrastinadora, também vivemos hoje – consumidores e empresas – relações, estilos de vida, conversas – e consumimos tb produtos – que nunca acabam, nunca estão em sua versao final, que não têm ponto final.
Já parou pra pensar em quantas versões eternamente beta que consumimos? Que mesmo ao deixarem de ser beta, continuam em constante evolução? Existe hoje até loja de chocolate BETA. Isso mesmo. Chama-se TCHO, de São Francisco.
A evolução tecnológica nos coloca diante de situações que incitam relacionamentos para todo o sempre, amém. Se antes perdíamos contato com os coleguinhas do jardim de infânca, hoje somos forçados a re-tomar esses contatos e corromper as doces memorias da tenra infância. Quem disse que queria saber que aquele menininho fofo de cabelinho cacheado virou um sujeitinho gordo, velho, ex-presidiário e recessivo??? Ossos da pós-modernidade.
Li uma vez que estamos hoje retomando uma vivência mais normal ao não perdermos contatos – EVER.
A geração atual nunca está desconectada. Eles nunca perdem contato com os amigos. Então estamos historicamente voltando a um lugar mais normal. Se olharmos para a história humana, a idéia de pular de galho em galho em relacionamentos é muito nova. Faz parte da sociedade do século XX.
E as pessoas, que estão sempre presentes on-line, vão aos poucos deixando rastros e mais rastros no mundo digital. É a eterna presença.
E quando vc morrer? O seu perfil estará fadado a existir para sempre? (*o que incita uma outra questão mórbida digna de debate: chegará um dia em que existirá um mega cemitério on line de perfis de pessoas que morreram).
A pergunta que não quer calar: Will you ever want to be ungoogleable?
Seguindo essa mesma onda, as pessoas tendem a ser sempre “encontráveis”. Sobretudo com essa onda crescente de redes sociais móveis como o Google Latitude ou Aka-Akis da vida. Estão inventando até um relógio familiar estilo Harry Potter.
Transpondo a questão de amizades para assuntos profissionais, buscamos hoje relacionamentos duradouros com nossos clientes. Com esses sim, queremos casamentos para todo o sempre amém.
E as conversas que nunca acabam no Twitter?
E as empresas que agora aderem à onda, mantendo uma conversação eterna com clientes e clientes potenciais?
Está na hora de avaliarmos as relações. Os clientes querem relacionamentos duradouros? E vc vai continuar atendendo demandas apenas do aqui e agora? Está na hora de prestar e dar ainda mais atenção aos clientes, o então o tiro pode sair pela culatra. Lembre-se: consumidor puto = consumidor engajado (como o ótimo caso Samamba vs Sky –> apresentado pela Lou Martins no Social Minas).
OBS: É… acho que sofro mesmo é de foreverism. E olha que isso é mais chique que procrastinação crônica!
O estudo da Trend Watching está aqui.
Ótimo texto Suzana!!Nunca tinha pensado que quando eu morrer ainda estarei viva na internet!!! Acho que a frase “Nunca te esquecerei” faz o maior sentido agora…
Mas esse negócio de sermos encontráveis tem prós e contras. Quanto mais redes sociais aparecem, mais queremos fazer parte, mais queremos ser “atuais”, e mais visíveis nós somos.
O importante é saber até onde isso é bom, porque, afinal, a visibilidade para qualquer um é um tanto assustador… Não quero que o Fulano Com Más Intensões saiba da minha vida e nem quero que meu Cliente saiba que fui à uma festa e chapei os melões, porque mesmo se eu não expor isso na internet, alguém que esteve na mesma festa pode…
Será que teremos de parar de chapar os melões ou a ir à festas com pessoas conhecidas? Será que essa nova fase visível acarretará numa mudança de comportamento?
Texto genial!!!
E concordo com a Thássia sobre a frase “Nunca te esquecerei”, já que nada mais só é “eterno enquanto dure…” Nem dura mais, mas ainda existe no mundo virtual… Louco isso!
E aqui, fiquei psicopata pra provar o tal chocolate TCHO!!! Teremos que ir a São Francisco, ou podemos pedir pela internet??? rsrsrsrs
Suzana, com este post sobre o “Foreverism” voce abre uma janela para um tema que vem martelando subliminarmente as mentes de alguns físicos -como é meu caso- quanto à REALIDADE em dois aspectos:
(1) no aspecto Einsteniano (da Teoria da Relatividade Especial com espaço e tempo se fundindo) é nítida a percepção de que conseguimos comprimir tanto o AQUI -trazendo para as telas do celular os amigos de hoje que se encontram nas vizinhanças quanto o AGORA trazendo do passado para o presente os “coleguinhas do jardim da infância” a que se refere.
Seu insight atinge também (2) a questão porposta por Bohr-Heisenberg (da Mecânica Quântica, com a realidade não-localizada) ao distribuir espaço-temporalmente um evento sigular (o internauta) e o espalhando por todo Planeta (rede).
Fica aqui este meu primeiro registro sobre a extensão do fenômeno que você divulga neste post e, mesmo que a velocidade da luz seja um limite ainda respeitado, sua contribuição é digna de nota. Portanto, desde já a parabenizo e lanço a proposta de divulgar estas idéias em um post sobre o assunto no meu blog sobre a Física Moderna.
[…] here, there and everywhere including the present, past and future. As well described by Suzana Cohen, and I have commented, such a phenomenon induces the conjunction of two unmixable authors of […]
Meninas, nem tudo está perdido. Existe a possibilidade de deixar testamento online com todas as suas senhas, vejam: http://g1.globo.com/Noticias/Tecnologia/0,,MUL1199755-6174,00-TESTAMENTOS+DIGITAIS+REVELAM+INFORMACOES+SIGILOSAS+EM+CASO+DE+MORTE.html
Anita, acho que a gente vai ter que ir pra São Franciso, NOW. Tb tô duidinha com o tcho! Existe uma loja online, mas acho que não entregam pressas bandas de cá!
Pappy, essa questão de leis da física X o mundo virtual dá pano pra manga! Lembra da entrevista com Fabio Gandour que vc me indicou? Ele disse justamente que o meio digital desafia questões de massa, espaço e tempo. Acho que vc podia desenvolver mais o assunto! A questão é super interessante 🙂